quarta-feira, 26 de outubro de 2011

SONETO DE SEPARAÇÃO


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.



domingo, 23 de outubro de 2011

Amor


Ela: Se eu ficar feia?
Ele: Eu fico míope.
Ela: Se eu... ficar triste?
Ele: Eu viro um palhaço.
Ela: Se eu ficar gorda?
Ele: Eu quebro o espelho.
Ela: Se eu ficar velha?
Ele: Eu fico velho junto.
Ela: Se eu ficar rouca?
Ele: Eu fico surdo.
Ela: Se eu ficar chata?
Ele: Eu te faço cócegas.

"O importante na vida é ter com quem contar!
Nada melhor do que dormir e acordar com alguém que vc sabe que faz
de tudo pra te ver sorrir, o melhor presente de Deus é um amor de
verdade! Quero um amor assim!!! Duradouro, será que isso existe no século XXI? Um amor que perdure as agressões da vida, da rotina, da inveja, das diferenças, enfim de fatores altamente corrosivos?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Linger às Avessas.



Olhando do sofá da sala, nada me parecia no lugar
todas aquelas coisas que eu vira alí há tempos de repente
me parecera tão estranhas. Os bibelôs, os enfeites... tudo.
Eu queria mudar tudo, tirar tudo do lugar, não deixar uma
poeira sequer de tudo aquilo alí, nem um grão das prováveis
testemunhas do meu cotidiano. Mas era tarde pra fazer o que
eu queria, 10h da noite não é hora de mexer em nada, então
decidi fugir, sim, sair de lá, sair de mim... abri a primeira
garrafa que encontrei na estante, meio litro de vodka vagabunda que sobrara
do meu ultimo devaneio... ela era, naquele momento, uma companhia agradável.
Liguei o rádio e escuto outra mulher que bastante me agrada, ela cantava
uma canção que me fazia refletir toda minha vida, e
enquanto aquele refrão penetrava em meus ouvidos eu engolia
minha outra amiga garganta a baixo, para que as duas pudessem
me fazer esquecer daquilo -ou daquele- que insistia a me procurar
em pensamentos.
"You know I'm such a fool for you. You got me wrapped around your finger..."
Fim da música, ela tinha razão aquilo era tudo o que me restara:
resto de lembranças, de passado, de pensamento, resto de amor
sentimento que nenhum copo de "trideslida com 36% de alcool"
pode apagar. Você estava, ainda, em mim.
Pronto, consegui o que queria. Estava diferentemente “out of me”. Sinto algo escorrer sobre meu rosto, uma maldita lágrima que expõe toda minha fraqueza em escutar aquela música e lembrar dele, aquela pessoa que o passado matara, mas que o presente fazia questão em reviver. Abro uma última garrafa esquecida no canto da geladeira, me dirijo ao quarto, sento na ponta da cama, pego o celular, não eu não vou ligar pra ele, simplesmente vou rever pela nonésima vez aquelas fotos que tirei escondido de nós dois num fim de semana qualquer em que saímos e eu acabei registrando um pouco de nós dois. Alí me perco em lágrimas e lembranças essas que me fazem pensar de quanto devemos viver cada momento, do contrário ele vira fotos guardadas num fundo de gaveta ou em uma pasta qualquer de um celular.
Acabou, joguei a garrafa no chão, não quebrou por causa do meu tapete, só fiz me jogar
de costas sobre cama e senti que ela girava em sentido horário e anti horário e com esse bailar dormi. "You know I'm such a fool for you. You got me wrapped around your finger..."

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Negação




Eu me recuso ser pessimista
Achar que nada vai dar certo
E que no fim ou perto dele
eu irei chorar.
Eu me recuso a pensar
Que foi engano que foi mentira.
Foi verdade, foi a minha verdade
Se não foi a sua ou de quem quer que seja
Não me interessa, problema seu.
Eu me recuso tambem ser vista como tola
burra, santa, Ingênua.
Eu não sou
prefiro, as vezes, fugir em pensamentos
minhas atitudes serão mais fortes que minhas palavras.
No final das contas eu me permito sorrir
Eu me recuso ser infeliz.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eu

Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.

Samba-canção



"Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone – taí,,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz..."