Olhando do sofá da sala, nada me parecia no lugar
todas aquelas coisas que eu vira alí há tempos de repente
me parecera tão estranhas. Os bibelôs, os enfeites... tudo.
Eu queria mudar tudo, tirar tudo do lugar, não deixar uma
poeira sequer de tudo aquilo alí, nem um grão das prováveis
testemunhas do meu cotidiano. Mas era tarde pra fazer o que
eu queria, 10h da noite não é hora de mexer em nada, então
decidi fugir, sim, sair de lá, sair de mim... abri a primeira
garrafa que encontrei na estante, meio litro de vodka vagabunda que sobrara
do meu ultimo devaneio... ela era, naquele momento, uma companhia agradável.
Liguei o rádio e escuto outra mulher que bastante me agrada, ela cantava
uma canção que me fazia refletir toda minha vida, e
enquanto aquele refrão penetrava em meus ouvidos eu engolia
minha outra amiga garganta a baixo, para que as duas pudessem
me fazer esquecer daquilo -ou daquele- que insistia a me procurar
em pensamentos.
"You know I'm such a fool for you. You got me wrapped around your finger..."
Fim da música, ela tinha razão aquilo era tudo o que me restara:
resto de lembranças, de passado, de pensamento, resto de amor
sentimento que nenhum copo de "trideslida com 36% de alcool"
pode apagar. Você estava, ainda, em mim.
Pronto, consegui o que queria. Estava diferentemente “out of me”. Sinto algo escorrer sobre meu rosto, uma maldita lágrima que expõe toda minha fraqueza em escutar aquela música e lembrar dele, aquela pessoa que o passado matara, mas que o presente fazia questão em reviver. Abro uma última garrafa esquecida no canto da geladeira, me dirijo ao quarto, sento na ponta da cama, pego o celular, não eu não vou ligar pra ele, simplesmente vou rever pela nonésima vez aquelas fotos que tirei escondido de nós dois num fim de semana qualquer em que saímos e eu acabei registrando um pouco de nós dois. Alí me perco em lágrimas e lembranças essas que me fazem pensar de quanto devemos viver cada momento, do contrário ele vira fotos guardadas num fundo de gaveta ou em uma pasta qualquer de um celular.
Acabou, joguei a garrafa no chão, não quebrou por causa do meu tapete, só fiz me jogar
de costas sobre cama e senti que ela girava em sentido horário e anti horário e com esse bailar dormi. "You know I'm such a fool for you. You got me wrapped around your finger..."